Caríssimos paroquianos, dizimistas e leitores em geral do
nosso informativo mensal O MISSIONÁRIO. Iniciamos a partir desta edição de
novembro/14 uma coluna formativa onde pretendemos levar até você um pouco mais
de formação pastoral.
Este primeiro artigo inicia uma seção de formação sobre a
Eucaristia. Acreditamos que para compreender melhor a estrutura da Santa Missa
e sua importância para a vida do cristão é necessário adentrar no tema do
sacrifício e sua relevância para a comunidade judaico-cristã.
Antes da revelação de Deus propriamente dita para a
humanidade a natureza se apresenta como algo inexplicável e, de modo especial
para o povo primitivo. O fato de não compreender o mistério da natureza o homem
primitivo “pagão” acaba associando os
eventos naturais “a algumas divindades”.
O povo judeu nos vários exílios que era acometido em função das invasões em
suas terras por nações estrangeiras têm contato com o sacrifício pagão.
Deus quando se revela à humanidade, revela também um projeto
para redenção do homem. É importante ressaltar que para a compreensão grega o
homem é composto de corpo e alma. Já para tradição bíblica não somos assim,
somo um todo, um conjunto que recebeu de Deus um sopro, um espírito, e que nos
mantém abertos ao transcendente.
Com a ruptura, cometida pelos nossos primeiros pais – Adão e
Eva, que erraram o alvo, ou seja, pecaram contra Deus na ganância de serem
iguais ou mais que Ele, romperam também a ordem natural (de sermos felizes) surge o castigo estendido a toda humanidade (Gn
2,16-19). Poderíamos dizer que a partir de então surge o sacrifício (para o povo hebreu). Mas o que é
sacrifício então? Poderíamos responder em simples palavras tornar sagrado. Tudo que não é sagrado é profano? A
resposta seria sim! (profano =>
para o altar = sagrado).
Existem quatro tipos de Sacrifícios:
Olah=Holocausto Lv 1(sacrifício de gratidão, a vítima é
totalmente consumida pelo fogo); Minhah=Oblação Lv 2(sacrifício de oferenda);
Shelamin= Para paz e comunhão Lv 3; Hattah=Sacrifício sobre o pecado Lv 4; 5.
Anterior a tradição bíblico-judaica o povo pagão oferecia
sacrifício para obter produtividade, para conseguir vantagens nos rebanhos, nas
plantações etc. Ofertava-se para baal
o primeiro cordeiro, a primeira cria ou os primeiros frutos (com interesse na prosperidade ou por medo da
ira de baal - deus pagão).
A tradição bíblico-judaica nos diz que o sacrifício deve ser
por gratidão, para manter a comunhão entre o povo e Deus ou por expiação dos pecados.
O sacerdote passa a ser fundamental na realização do
sacrifício, ele representa a presença de Deus em comunhão com a comunidade. Com
o judaísmo o sacrifício torna-se
essencial ao culto, para significar, realizar e atualizar a união de Iahweh-Deus com o Seu Povo pela Aliança.
Após a Instituição da Páscoa judaica (Ex 12), que era
inicialmente uma ceia familiar, orientada por Deus para prevenir contra o mal e
a escravidão (Ex 12,12) institui-se também o sacerdócio, indispensável para a celebração dele (Hb 8,3),
separando-se para o seu exercício a Casa de Aarão (Ex 28-29), "figura" do que Cristo fará na
instituição da Eucaristia, na inauguração da Páscoa Cristã, pedindo aos
discípulos para que a celebrassem "em seu memorial" (Lc 22,19-20/1Cor
11,23-25).
Em Israel somente poderia participar do
sacrifício quem estivesse em estado de pureza (Lv 7,20-21; 11,44-45) e de
santidade. Caso o israelita não tivesse em estado de santidade/puro deveria
purificar-se antes, conforme a orientação dos rituais (Lv 11,25. 28.32.40).
Para a religião judaica o ofertante impunha
as suas mãos na cabeça da vítima perfazendo assim a substituição dele por ela (Gn 22,13), e o sacerdote completava o
ritual a partir do oferecimento do sangue (Lv 1,4-5).
Para o cristão participar da comunhão
eucarística indica-se também está em estado de graça, pede-se que tenha se
apresentado ao sacerdote para fazer a confissão redimindo-se diante dele, como
ministro de Cristo, e, reconciliando-se com seus irmãos (Cf. Mt 5,24). É
necessário está redimido e comprometido com o Reino de Deus! Isso nos leva a
crer que o sacrifício Eucarístico de fato nos une a Deus.
A partir da próxima edição, adentraremos
no rito da Santa Missa, estudando parte a parte e apresentado as explicações
necessárias para a sua melhor compreensão.
Padre Airton Liberato
Pároco da Paróquia de São Paulo Apóstolo