A Praça São Pedro se
encheu do verde e amarelo das bandeiras e das camisetas do Brasil. Milhares de
brasileiros vieram à cerimônia de canonização da primeira santa nascida no
Brasil, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, conhecida como Irmã Dulce, na
manhã deste domingo, dia 13 de outubro, no Vaticano.
Havia pessoas de todas as partes do país, mas os baianos eram
maioria. As amigas Sílvia e Vera se sentem privilegiadas por terem convivido
com a nova santa brasileira em Salvador. Logo que se formou, a farmacêutica Sílvia
da Silva foi ao hospital de Irmã Dulce para oferecer seu trabalho voluntário.
Foi recebida com muito carinho pela religiosa. “Eu não tenho palavras para
definir Irmã Dulce. Ela era doce com todo mundo, delicada e, ao mesmo tempo,
muito segura do que queria. Apesar da estatura pequena, era uma pessoa grande,
enorme. Uma verdadeira santa”, afirmou Sílvia.
Para a contadora Vera de Andrade, que recebia as visitas de Irmã
Dulce no colégio em que estudava, o que mais a marcou foi ver que a santa não
aceitava que pessoas morassem na rua. “Ela não deixava nenhum mendigo na rua.
Saia por Salvador recolhendo os mais necessitados e os levando para tomar
banho, comer e para tratar suas doenças. Era uma referência para todos nós”,
explica Vera.
O soteropolitano Edilson dos Santos veio com a esposa, Mônica,
para reverenciar “a mãe de todos os baianos”, como ele costuma chamar. “O que
me chama atenção é o fato de que Irmã Dulce, além de ajudar os mais
necessitados com suas obras de caridade, sempre estava pronta para oferecer uma
palavra de conforto para todo mundo”.
Para a família Interlando, que veio de Mato Grosso, os
brasileiros estavam precisando de uma santa com uma biografia tão rica. “Os
brasileiros necessitam deste exemplo de fé, de humanidade. Nós passamos por momentos
muito difíceis no mundo e a história de Irmã Dulce nos mostra que com fé nós
podermos fazer a diferença”, afirmou a advogada Rafaela Interlanda.
Hoje, o hospital criado pela santa em Salvador abriga um dos
maiores complexos de saúde brasileiro com 100% dos atendimentos pelo SUS. São
cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano.
A Cerimônia
O Evangelho de hoje não poderia ser mais adequado à celebração
de canonização da Irmã Dulce. A passagem sobre a cura dos leprosos por Jesus
Cristo (Lc 17,11-19) nos remete à preocupação da santa brasileira com a saúde
dos mais necessitados e à fé que ela tinha na cura física e espiritual dos
assistidos.
Na homilia, o Papa Francisco afirmou que todos nós necessitamos
de cura, como aqueles leprosos: “Precisamos de ser curados da pouca confiança
em nós mesmos, na vida, no futuro; curados de muitos medos, dos vícios de que
somos escravos; de tantos fechamentos, dependências e apegos ao jogo, ao
dinheiro, à televisão, ao celular, à opinião dos outros. O Senhor liberta e
cura o coração, se O invocarmos, se lhe dissermos ‘Senhor, eu creio que me
podeis curar. Curai-me dos meus fechamentos, livrai-me do mal e do medo,
Jesus’”.
O Papa destacou as três atitudes do leproso que agradeceu a
Jesus pela cura: “o Evangelho de hoje nos mostra o caminho da fé. Neste
percurso de fé, vemos três etapas, que é invocar, caminhar e agradecer. Hoje
agradecemos ao Senhor pelos novos Santos, que caminham na fé e agora invocamos
como intercessores”.
Além de Irmã Dulce, outras quatro pessoas foram declaradas hoje
santos da Igreja Católica: João Henrique Newman, Josefina Vannini, Maria Teresa
Chiramel Mankidiyan e Margarida Bays.
Manuela Castro – Cidade do Vaticano
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